A Ansiedade da Fatura
Novo estudo da Intrum demonstra que europeus esperam falhar pagamentos durante os próximos 12 meses
Aumento dos preços dos bens essenciais e energia é uma preocupação para os consumidores;
Consumidores estão a cortar nas refeições fora e a geração mais nova a utilizar o buy-now/pay-later para cobrir os custos;
Três em cada 10 inquiridos exigem um aumento salarial.
A Intrum acaba de lançar o seu mais recente estudo ECPR – European Consumer Payment Report 2022 onde a inflação domina claramente as finanças das famílias europeias. A confiança dos consumidores caiu para níveis recordes, e enquanto a maioria dos consumidores afirma estar a mudar a forma como gasta o seu dinheiro, três em cada dez têm dificuldade em fazer face às despesas e revelam a possibilidade de não conseguir pagar uma ou várias contas de serviços públicos essenciais no próximo ano.
A inflação galopante desencadeou uma onda de "ansiedade da fatura", à medida que as famílias lutam para equilibrar os seus rendimentos e despesas. De acordo com o ECRP 2022, mais de oito em cada dez inquiridos europeus demonstram preocupação face ao impacto do aumento dos preços dos bens alimentares e da energia no seu bem-estar financeiro. Para além disso, o estudo demonstra ainda que um em cada três inquiridos acredita que não terá dinheiro suficiente para pagar as suas contas de serviços públicos nos próximos 12 meses.
"Após longos anos de inflação baixa e de fraca política monetária, a subida dos preços e o aumento das taxas de juro tornaram os consumidores europeus profundamente pessimistas quanto ao futuro. Muitos consumidores que não foram severamente afetados durante a pandemia estão hoje a sentir as consequências. Os choques de custos terão naturalmente um impacto significativo nos padrões de despesa dos consumidores, com riscos acrescidos de incumprimento para faturas de menor prioridade", revela Andrés Rubio, CEO da Intrum.
Os credores podem esperar níveis crescentes de pagamentos atrasados e incobráveis
Seis em cada 10 inquiridos estão a mudar a forma como gastam o dinheiro, com uma quota-parte igual a afirmar estar cada vez mais consciente de custos desnecessários. Os consumidores que estão a mudar o seu comportamento estão a cortar nas refeições fora, o que é uma má notícia para o setor da hotelaria e outros que estavam a começar a recuperar a sua posição após as dificuldades sentidas com a pandemia COVID-19. Os consumidores mais jovens estão a sentir um impacto particular nas suas vidas sociais e são mais propensos a usar o buy-now/pay-later (BNPL) para cobrir o custo crescente. De acordo com a Intrum, 31% dos europeus da Geração Z, que estão no final da adolescência e na casa dos vinte anos, dizem que o fazem cada vez mais.
Entre os consumidores que esperam falhar o pagamento das faturas nos próximos 12 meses, a maioria afirma ser provável não pagarem as faturas do comércio eletrónico e das lojas online. Estas conclusões são apoiadas pelos últimos dados do Painel da Autoridade Bancária Europeia (EBA), que mostram que o rácio de empréstimos da fase 2 tem vindo a aumentar, indicando que poderá seguir-se um maior número de incumprimentos.
O ECPR demonstra ainda que a maioria dos inquiridos, mais de metade, acredita que uma inflação elevada irá durar anos, apesar da intervenção governamental, sugerindo pouca fé na capacidade dos seus líderes em controlar os preços. As incertezas económicas estão também a causar a preocupação de uma maioria (seis em cada 10 dos inquiridos), de que não estão a poupar o suficiente para o futuro e não serão capazes de se reformar confortavelmente.
Uma forma de os consumidores combaterem as perspetivas sombrias das suas finanças pessoais é aumentar os rendimentos domésticos, e três em cada 10 inquiridos indicam que em breve irão pedir um aumento salarial. Uma resposta que sobe para 41% entre os inquiridos com crianças pequenas.
"Embora ainda não tenhamos visto o 'círculo vicioso' de uma espiral salários-preços na Europa, a percentagem relativamente elevada de pessoas que dizem que vão exigir um aumento salarial indica que a paciência dos consumidores com a queda dos salários reais está a diminuir. Isto irá colocar mais em evidência a capacidade dos bancos centrais em conter a inflação", conclui Andrés Rubio.