Black Friday e o Impacto das Redes Sociais no Consumo Impulsivo – Uma preocupação financeira crescente
À medida que a Black Friday se aproxima, a época das compras de Natal traz mais uma vez um risco acrescido de gastos excessivos, com as redes sociais e a dependência do crédito a desempenharem papéis fundamentais na promoção da vulnerabilidade financeira.
Os dados do European Consumer Payment Report 2024 destacam padrões preocupantes entre os Millennials e a Geração Z, que são mais influenciados por anúncios nas redes sociais e cada vez mais dependentes de crédito para pagar as suas despesas.
O impacto das redes sociais na compra por impulso
Países como a Suíça (67%) e a Irlanda (65%) lideram a tendência na Europa, com ofertas chamativas e publicidade dirigida que amplificam a pressão para gastar.
Por que razão as redes sociais impulsionam gastos excessivos:
Estas práticas não só desencadeiam gastos impulsivos, como também incentivam as pessoas a recorrer ao crédito ou a opções de pagamento diferido, exacerbando as dificuldades financeiras
Dependência do crédito entre as gerações mais jovens
A vulnerabilidade financeira dos jovens adultos evidencia-se pela sua dependência do crédito para cobrir as suas despesas essenciais. De acordo com o Relatório Europeu sobre Pagamentos ao Consumidor de 2024, os Millennials (44%) e a Geração Z (37%) são os que têm maior probabilidade de ter utilizado cartões de crédito ou pedido dinheiro emprestado para pagar contas nos últimos seis meses. Esta dependência é significativamente maior do que a das gerações mais velhas, como os Boomers (33%) e a Geração Silenciosa (21%).
O ciclo de tensão financeira:
A resolução destes problemas exige uma abordagem colectiva. Embora os consumidores tenham alguma responsabilidade pela gestão das suas práticas financeiras, as empresas e os decisores políticos devem desempenhar um papel fundamental na criação de um ambiente que promova a literacia financeira, a publicidade responsável e o acesso a ferramentas financeiras seguras e transparentes. Ao trabalharmos em conjunto para mitigar os impactos sociais dos gastos impulsivos e da dependência do crédito, podemos criar um panorama financeiro mais equitativo e sustentável.
Uma questão social mais vasta
As implicações dos gastos impulsivos e da dependência do crédito vão muito para além das dificuldades financeiras individuais, criando desafios que se repercutem nas empresas, na economia e na sociedade como um todo.
Os gastos excessivos e a dependência de crédito para cobrir as despesas e os artigos essenciais podem levar a um ciclo vicioso de tensão financeira, stress e instabilidade. Com as gerações mais jovens, como os Millennials e a Geração Z, a serem desproporcionalmente afectadas, esta tendência corre o risco de atrasar marcos importantes como a aquisição de uma casa própria, a criação de poupanças ou a conquista da independência financeira. Os efeitos a longo prazo na saúde mental são também preocupantes, uma vez que o stress financeiro é um dos principais fatores que contribuem para a ansiedade e a depressão.
Embora as compras impulsivas possam impulsionar as vendas a curto prazo, o quadro mais amplo revela riscos significativos para os retalhistas e prestadores de serviços. Taxas de devolução mais elevadas decorrentes do arrependimento do comprador, juntamente com uma maior dependência de métodos de pagamento diferido como o BNPL (Compre agora, pague depois), podem ter um impacto negativo no fluxo de caixa e na rentabilidade. Os atrasos nos pagamentos e os incumprimentos por parte dos consumidores sobrecarregados agravam ainda mais estes desafios, ameaçando a estabilidade financeira das empresas que dependem de fluxos de receitas consistentes.
A nível macro, a crescente prevalência da dívida dos consumidores coloca riscos para o crescimento económico e para a recuperação. À medida que as gerações mais jovens contraem mais dívidas para suportar as suas despesas, a sua capacidade de contribuir para a economia em geral diminui. Uma cultura de consumo alimentada pela dívida mina a resiliência financeira e pode aumentar a dependência dos sistemas de apoio social, colocando uma pressão adicional sobre os recursos governamentais.
A nível social, estas tendências perpetuam a desigualdade. Grupos vulneráveis, como indivíduos com baixos rendimentos ou jovens adultos que iniciam a sua jornada financeira, são desproporcionalmente afectados por estes comportamentos financeiros. A facilidade em obter crédito, aliada a estratégias de marketing agressivas que promovem consumo imediato, tem impulsionado o uso de soluções financeiras, muitas vezes sem a devida avaliação das suas implicações a longo prazo, deixando muitas vezes aqueles com menos recursos financeiros em maiores dificuldades. Isto contribui para um fosso cada vez maior entre aqueles que conseguem gerir as suas finanças de forma sustentável e aqueles que não conseguem, aumentando as divisões sociais e reduzindo a mobilidade económica.
Um apelo à acção
À medida que o frenesim das compras da Black Friday se aproxima, os hábitos financeiros dos Millennials e da Geração Z exigem atenção. Com as redes sociais a estimularem as compras por impulso e o aumento da utilização de crédito, as empresas, os decisores políticos e os particulares devem tomar medidas para promover uma abordagem mais sustentável à despesa. Só através do esforço colectivo poderemos quebrar o ciclo de gastos excessivos e de endividamento, abrindo caminho para um futuro financeiramente mais seguro.