Turismo, têxtil e calçado são os setores mais afetados, revela diretor-geral da Intrum Portugal
Entrevista ao Jornal Económico
Luís Salvaterra, responsável pela empresa especializada em gestão de créditos em Portugal, alerta para a possibilidade de ocorrerem muitas falências de micro e pequenas empresas.
Em entrevista exclusiva ao Jornal Económico, Luís Salvaterra, diretor-geral da Intrum Portugal, revela que os setores empresariais que neste momento estão a ser mais afetados pelo impacto do surto do coronavírus em Portugal são o turismo, o têxtil e o calçado.
Como podem as empresas portuguesas evitar o sufoco económico que está a acontecer e à vista com o surto da Covid-19 e com o consequente confinamento e encerramento quase total da atividade?
O confinamento e encerramento quase total da atividade económica devido ao surto Covid-19, é uma realidade que pouco depende das empresas e dificilmente elas podem ultrapassar. Assim o importante é sermos resilientes e utilizar todos os mecanismos legais que estão a ser disponibilizados para garantir a manutenção das bases, de forma a que após esta situação seja ultrapassada, possam retomar a sua atividade.
Quais as recomendações que a Intrum Portugal apresenta para que as empresas possam superar esta situação?
As nossas principais recomendações às empresas são a monitorização de todo o processo de gestão de crédito e a monitorização de informações económicas e da indústria, incluindo a solvência dos clientes-chave. Não adiar, agir prontamente, tendo em conta a proporcionalidade da situação. Fortalecer a relação com os seus clientes, adequando o processo de crédito com base no comportamento de pagamento e à capacidade de pagamento. Recorrer aos serviços de especialistas na gestão de credito pode ser uma opção a considerar e que em tempos de dificuldades acrescidas, pode trazer mais valias substanciais para a liquidez, fator critico para a sobrevivência de muitas empresas neste ambiente económico-social que vivemos.
Quais as soluções que a Intrum Portugal está a/vai disponibilizar no meio empresarial português para poder superar esta crise?
Adaptar toda a nossa oeração à atual circunstância num curto espaço de tempo de forma a garantir a nossa operacionalidade e responder aos compromissos que assumimos com mais de 600 clientes em Portugal, contribuindo desta forma a minimizar os impactos da crise Covid-19 nas suas tesourarias. Este foi o grande desafio. Hoje, 95% dos nossos colaboradores estão em regime de teletrabalho, só possível graças à solidez financeira da empresa, dos parceiros tecnológicos e das equipas de IT [tecnologias de informação]. Assim, estamos preparados para continuar a oferecer o acesso aos nossos serviços ajudando as empresas e os seus clientes a equilibrarem a sua tesouraria.
Na sua experiência destas últimas semanas, quais são, no seu entender, os setores empresariais que estão a ser mais afetados por esta pandemia em Portugal?
Os setores que estão a ser mais afetados pela pandemia são sem dúvida os ligados ao turismo e os que estão mais dependentes do mercado da exportação como têxtil e o calçado, por exemplo. Todos os setores serão afetados, mas em proporções e momentos diferentes.
Quais são os diversos cenários que a Intrum Portugal tem já desenhados sobre o impacto económico que esta pandemia poderá ter no tecido empresarial nacional?
O tecido empresarial constituído pelas micro e pequenas empresas, irá ser muito penalizado, podendo ditar a falência de muitas delas. Tudo dependerá da duração da quase paragem da economia.
As medidas anunciadas pelo Governo são suficientes? Porquê?
Seguramente que nunca serão suficientes, face a uma situação que se vislumbra devastadora e que ninguém sabe quanto tempo vai durar e os estragos que de facto vai deixar na economia e na sociedade em geral. Mas é uma boa resposta, proactiva e que conseguiu reunir consensos dos principais ‘stakeholders’.
Covid-19: Intrum Portugal sugere que empresas mantenham tesouraria equilibrada durante a crise
Para particulares, a empresa especializada em gestão de crédito sugere que “se não pode pagar uma conta dentro do prazo, informe de imediato a entidade credora”, adiantando que “pode estabelecer um plano de pagamento ou ganhar algum tempo extra”.
A Intrum Portugal, aconselha que as empresas nacionais mantenham como uma das medidas a adoptar para reduzir o impacto da Covid-19.
De forma a minimizar o impacto económico que a Covid-19 terá nas empresas, a Intrum Portugal “sugere um conjunto de medidas que permitem ajudar empresas e particulares a gerir melhor a sua tesouraria e a ultrapassar esta difícil e imprevista batalha que todos travamos, no sentido de manter a sua tesouraria equilibrada”.
“As medidas anunciadas pela Intrum permitirão preparar as empresas para o futuro”, aconselhando para que “as empresas monitorizem todo o processo de gestão de crédito e as informações económicas e da indústria, incluindo a solvência dos clientes-chave”
Outras recomendações da Intrum Portugal para as empresas passam por “não adiar, agir prontamente, tendo em conta a proporcionalidade da situação” e “fortalecer a relação com os clientes, adequando o processo de crédito com base no comportamento de pagamento e capacidade de pagamento”
Para particulares, a Intrum Portugal sugere que “se não pode pagar uma conta dentro do prazo, informe de imediato a entidade credora”, adiantando que “pode estabelecer um plano de pagamento ou ganhar algum tempo extra”.
“Não evite enfrentar dificuldades financeiras que possa ter. Peça aconselhamento de forma a evitar problemas maiores, controlando a sua situação financeira. Mantenha uma comunicação constante com todos os interessados. Não adie pagamentos para evitar problemas futuros de tesouraria”, são as outras recomendações da Intrum Portugal para particulares.
Para o diretor-geral da Intrum Portugal, Luís Salvaterra, “Portugal está a passar uma fase difícil, e ninguém estava preparado para a época que estamos a viver”.
“Chamar a atenção das empresas e contribuir para uma diminuição da hipótese de haver um sufoco económico a curto/médio prazo, é uma das missões da Intrum, nesta fase difícil que a economia mundial está a atravessar. Esta será a terceira grande crise económica do século XXI, depois do 11 de setembro e da crise mundial de 2008 e a Intrum fará a sua parte para ajudar a diminuir o impacto desta situação junto das empresas nacionais e das famílias”, garante Luís Salvaterra.
A Intrum Portugal recorda ainda que a OMS – Organização Mundial de Saúde declarou emergência de saúde pública de âmbito internacional, no dia 30 de janeiro de 2020, e classificou o vírus como uma pandemia mundial, a 11 de março de 2020.
Fonte: O Jornal Económico
Turismo, têxtil e calçado são os setores mais afetados, revela diretor-geral da Intrum Portugal
Covid-19: Intrum Portugal sugere que empresas mantenham tesouraria equilibrada durante a crise