Governo e Setor Público reduziram prazos de pagamento a fornecedores
O EPR 2024 Portugal demonstra que os prazos de pagamento a fornecedores praticados em Portugal estão muito acima do que seria ideal
- Transportes e Logística e Energia e Utilities são as áreas de atividade que demoram mais tempo a pagar
- Setores Farmacêutico, Medicina e Biotecnologia são quem têm melhores práticas de pagamento.
O Governo e o Setor Público reduziram os prazos de pagamento aos seus fornecedores de 72 dias, em média, em 2023, para 65 dias em 2024 (redução de 9,8%), revela o EPR2024 Portugal, o estudo anual desenvolvido pela Intrum, sobre os prazos de pagamento para empresas portuguesas, as suas prioridades e preocupações.
De todos os setores avaliados neste estudo, apenas o Governo e setor Público e a Construção registaram uma diminuição nos prazos de pagamento, com a área da Construção a diminuir menos quatro dias em média a pagar (57 dias), comparativamente com o ano passado. Todos os restantes setores registaram um aumento no número médio de dias que demoram a pagar aos seus fornecedores.
O EPR 2024 Portugal demonstra que os prazos de pagamento a fornecedores praticados em Portugal estão muito acima do que seria ideal, sendo que apenas o Setor Farmacêutico, Medicina e Biotecnologia está abaixo dos cinquenta dias, pagando aos seus fornecedores, em média, em 49 dias.
Segundo Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum, «apesar de alguns sinais positivos, existem claros sinais de degradação na disciplina de pagamentos que afetam profundamente a respetiva saúde financeira das empresas nacionais. As empresas estão conscientes de que pagar tarde as suas faturas pode causar problemas significativos aos seus fornecedores, mas estão a fazê-lo mesmo assim. Os fornecedores a quem pagam com atraso podem ter dificuldades para pagar aos seus próprios fornecedores nos prazos, e assim sucessivamente. Cada organização deve fazer mais para evitar este círculo vicioso».
Neste sentido, a Intrum congratula-se com a decisão do Governo, recordada durante a intervenção inicial do primeiro-ministro, Luis Montenegro, no debate do Estado da Nação, de avançar com o plano "Estado a pagar em 30 dias", anunciado pela Tutela recentemente e que faz parte do pacote com sessenta medidas para dinamizar a economia portuguesa.
Para Luís Salvaterra, «é uma decisão positiva que irá, certamente, reduzir ainda mais a média de dias que o Governo e Setor Público demoram a pagar aos seus fornecedores, permitindo agilizar os pagamentos. Esperamos que os restantes setores de atividade sigam o exemplo. O EPR2024 revela que os atrasos de pagamento do Setor Público e o das Grandes Empresas continuam a ter grande impacto nas empresas, em particular nas PME. É imperativo erradicar a cultura “pagar e morrer, quanto mais tarde melhor».
Transportes e Logística registam pior performance de pagamento
A área dos Transportes e da Logística é aquela que mais demora a pagar aos seus fornecedores, com uma média de 75 dias, revela o EPR 2024 Portugal. No ano passado, este número era de 62 dias, uma queda abrupta que penalizou fortemente as empresas do setor. Outra área com uma performance de pagamento muito aquém do desejado é a da Energia e Utilities, que demora em média setenta dias a proceder aos seus pagamentos. Destaque pela negativa ainda para o setor dos Seguros, que registou a pior queda face a 2023 nos prazos de pagamento. Em 2023 as empresas do setor demoravam 41 dias a pagar e agora esse número subiu para 62.
Também os setores das Telecomunicações, Banca e Serviços Financeiros e Hotelaria e Lazer, registaram um aumento significativo no número de dias que demoram a realizar os seus pagamentos.