Pico da variante Omicron afectou o crescimento europeu no final do ano
As estimativas preliminares divulgadas na segunda-feira pelo Eurostat mostram que a produção económica da UE aumentou no final de 2021.
As estimativas preliminares divulgadas na segunda-feira pelo Eurostat mostram que a produção económica da UE aumentou no final de 2021, embora a um ritmo muito mais reduzido do que no trimestre anterior. O PIB real cresceu 0,4% em termos trimestrais, após um aumento de 2,2%.
A desaceleração era esperada, porque devido à propagação da variante Omicron, muitos países introduziram várias restrições no final de Novembro ou em Dezembro, com impacto na actividade económica em geral. Uma nota positiva, tais circunstancias não foram suficientes para resultar na contracção do PIB e o crescimento anual até acelerou de 4,1% para 4,8%, em relação ao 3º trimestre.
No entanto, havia grandes diferenças entre os países da UE. Em particular, a Alemanha que teve o pior desempenho, com o PIB a contrair 0,7% após um aumento já débil de 1,7% no terceiro trimestre. A forte dependência da indústria prejudicou a economia alemã no ano passado, devido à interrupção das cadeias de abastecimento e aos altos preços da energia. Além disso, o consumo privado vacilou no final do ano, devido à alta inflação geral e também às novas restrições do Covid. No geral, a economia alemã cresceu 2,7%, após queda de 4,6% em 2020. Também há preocupações de que o primeiro trimestre do ano não traga muito alívio para a economia alemã, devido à vaga Omicron na Ásia e Ano Novo Chinês, que pode potencialmente aumentar as dificuldades nas cadeias de abastecimento. Outra contracção trimestral do PIB real colocaria a Alemanha em recessão técnica. Uma nota positiva, o Ifo Business Climate Index de Janeiro subiu em relação a Dezembro e a percentagem de empresas que referiram problemas com fornecimentos caiu de quase 82% para 67%.
Por seu lado, Espanha, Portugal, França e Itália surpreenderam positivamente no final de 2021. Espanha cresceu 2%, logo seguida da economia portuguesa, que cresceu 1,6%, depois de um crescimento de 2,9% no trimestre anterior e 5,8% comparativamente ao trimestre homólogo. França e Itália também registaram crescimentos de 0,7% e 0,6%, respectivamente.
Apesar do forte final de ano, a economia espanhola decepcionou em 2021, expandindo “apenas” 4,9% em comparação com queda de quase 11% em 2020, e abaixo do esperado aumento de 6,5%, incluído no orçamento do governo anunciado em Setembro. No entanto, a previsão é de que parte desse crescimento ainda aconteça, apenas um pouco atrasado.
Também de acordo com os últimos dados , a economia portuguesa cresceu no ano 2021, com o PIB a registar um crescimento de 4,9%, o mais elevado dos últimos 31 anos, depois de uma diminuição de 8,4% em 2020, como consequência dos efeitos da pandemia COVID-19 na actividade económica.
A economia da Itália superou as expectativas para 2021, crescendo 6,4%, após contracção de 9% em 2020, e o PIB real está quase ao nível pré-pandemia.
A França teve um dos desempenhos mais fortes no ano passado, com um crescimento do PIB de 7%, o mais rápido em 52 anos, o que lhe permitiu recuperar já acima do nível pré-pandemia. Esta é uma boa notícia para o presidente Emmanuel Macron antes das eleições presidenciais em Abril.
Anna Zabrodzka
Economista Sénior Intrum